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Governo do Estado e Instituto Caldeira apresentam estudo sobre ecossistema gaúcho de startups

Dados compilados no RS Tech devem orientar políticas públicas mais assertivas para o setor

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Foto de duas pessoas sentadas, uma apresentação ao fundo e uma mulher apresentando de pé
Resultados do RS Tech foram apresentados pela titular da Sict, Simone Stülp, no Instituto Caldeira - Foto: Luciana Salimen
Por ADRIANA FIGUEIREDO ASCOM/SICT

Com o intuito de conhecer em profundidade a realidade das startups gaúchas, foi apresentado, na manhã desta terça-feira (19), o estudo “RS Tech 2023: As startups do ecossistema de inovação gaúcho”. A pesquisa, promovida pelo governo do Rio Grande do Sul por meio da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict) e da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG) e o Instituto Caldeira, foi detalhada durante o segundo dia da Semana Caldeira, evento realizado em Porto Alegre. O secretário em exercício da Sict, Raphael Ayub, representou o governador do Estado no evento. 

A iniciativa, que conta com parceria estratégica do SebraeX, da Associação Gaúcha de Startups (AGS), da Rede Gaúcha de Ambientes de Inovação (Reginp) e do South Summit Brazil, além de apoio do Grupo RBS, pesquisou o perfil das startups gaúchas e de seus fundadores, o seu nível de desenvolvimento e os principais desafios encontrados por essas empresas. Foram consideradas, para a pesquisa, startups que estivessem de acordo com o que foi definido pelo Marco Legal das Startups; isto é, empresas com até 10 anos de história, que tivessem faturamento de até R$ 16 milhões e ao menos a metade da equipe trabalhando no Rio Grande do Sul. No total, mais de 300 respostas foram recebidas. 

Concluímos que temos uma boa percepção interna sobre o nível de consolidação do nosso ecossistema, e isso evidencia o nosso grau de maturidade”, afirmou a titular da Sict, Simone Stülp, lembrando que o Rio Grande do Sul ainda tem muito a avançar em relação a líderes globais no setor da inovação. “O que a gente vai ver aqui é uma fotografia muito precisa das características das startups no nosso estado”, explicou. O estudo foi realizado de forma exclusivamente online e autodeclaratória, composto de 120 questões, e recolheu respostas por 100 dias, de 7 de dezembro de 2022 a 17 de março de 2023. 

A introdução da apresentação foi realizada pela subsecretária de Planejamento da SPGG, Carolina Mór Scarparo, que destacou o histórico da iniciativa. “Esta pesquisa está muito alinhada com a estratégia de governo. Buscamos ter dados confiáveis, que apontassem para políticas públicas eficientes”, explicou. De acordo com os autores da pesquisa, o compromisso com dados científicos para o estudo “garantiu a possibilidade inédita de retratar, de maneira científica, como são e quais são as dificuldades que as startups gaúchas enfrentam no nosso ecossistema de inovação.” 

Dentre as motivações destacadas para o estudo, constam a ampliação e o aprofundamento da oferta de estatísticas; o oferecimento de subsídios para a elaboração e aperfeiçoamento de ações de apoio, e o acompanhamento da evolução do setor gaúcho de startups. O seu objetivo, assim, é trazer informações inéditas que permitam conhecer em profundidade as startups gaúchas, suas interações com o ecossistema de inovação e as limitações que afetam o seu desempenho. Carolina ressaltou que este é apenas o primeiro relatório do estudo, que terá outras duas entregas em 2024. 

O CEO do Instituto Caldeira, Pedro Valério, destacou a relevância da iniciativa para o ecossistema de inovação gaúcho. “Buscamos o Departamento de Economia e Estatística da SPGG porque precisávamos de pessoas que soubessem fazer pesquisa, para garantir a qualidade e a confiabilidade dos dados, para pensar, futuramente, políticas públicas nesse contexto”, contou, destacando o viés qualitativo do estudo, que possui confiável segurança estatística. 

 

Resultados  

A apresentação dos resultados ficou a cargo da titular da Sict, Simone Stülp, que salientou o envolvimento do ecossistema de inovação gaúcho. “Apresentamos este trabalho como um ecossistema. A atuação conjunta de diferentes setores foi essencial para esta pesquisa e para os resultados a que chegamos”, afirmou. 

Sobre o panorama geral das startups gaúchas, Simone destacou os 10 setores mais citados na pesquisa (vide abaixo), os quais correspondem a 68% do mercado estadual. “É muito importante olhar a formatação dos nossos ambientes de inovação, para sabermos que áreas precisam ser fortalecidas ou induzidas”, elucidou. Lembrando que o ecossistema gaúcho é recente, ela explicou que também as startups no RS são jovens, já que 78% delas foram fundadas nos últimos cinco anos. 

“Algo que nos deixou muito contentes, ao analisarmos esses dados, foi o grande envolvimento de mestres e doutores na criação de startups. Acreditamos que este é um dos pontos de sucesso do nosso ecossistema. As ações que estamos fazendo estão contribuindo para que as startups sejam baseadas em conhecimento”, comemorou. De acordo com a pesquisa, mais de um terço das startups gaúchas foram fundadas por pessoas com mestrado ou doutorado. Além disso, o Rio Grande do Sul é o estado com maior densidade de mestres e doutores, lembrou Simone. 

A pesquisa apontou, ainda, que as startups inovam com maior grau de novidade em relação ao cenário nacional. “Este é um ponto de alerta”, comentou Simone, “precisamos nos mover para olhar globalmente cada vez mais.” Um outro ponto considerado relevante pela titular da Sict é a porcentagem de startups que atuam no desenvolvimento de tecnologias estratégicas, que corresponde a 85%. “Isso explica muito bem quais são as principais startups que temos no RS”, pontuou. 

A apresentação também abordou as tendências de criação e evolução das startups em solo gaúcho. Um ponto de destaque, segundo Simone, é a baixa adesão das startups ao auxílio de incubadoras (34%), de aceleradoras (28%) e de rodadas de investimentos (21%). “O RS tem um número muito interessante de incubadoras disseminadas por todo o estado, que podem ser mais bem aproveitadas pelos empreendedores. Temos, também, que pensar em mais estratégias que envolvam rodadas de investimento, por exemplo”, apontou. Quanto ao acesso a políticas públicas, 72% das startups declararam não conhecer ou não buscar acessar esta forma de apoio. “É uma nova oportunidade de, como Estado, sermos mais assertivos nos programas e políticas que construímos, para reverter esses números”, ressaltou Simone. 

Foram apresentados, ainda, os desafios e as oportunidades das startups gaúchas. “Esses dados evidenciam o quanto precisamos de ambientes de inovação fortalecidos, para ajudar as startups com os seus desafios. Temos que conectar estratégias de educação a estratégias de crescimento das startups”, compartilhou Simone, destacando que a falta de profissionais nas áreas de programação, desenvolvimento de aplicativos e plataformas digitais, vendas, marketing, comunicação, mídias sociais e ciências de dados foi um dos desafios encontrados. 

Também foi constatado que apenas 9% das startups gaúchas recorreram ao poder público municipal para inovar. “Essa é uma estratégia que precisamos olhar com carinho. Temos que fortalecer tanto as leis de inovação nos municípios quanto os conselhos municipais de inovação”, afirmou. Outro dado recolhido diz respeito ao alcance das startups gaúchas. Apesar de três a cada quatro venderem para outros estados, apenas 25% já realizaram transações com o exterior. “Precisamos trabalhar com estratégias de internacionalização para que alcancemos novos mercados”, explicou. 

Em outubro, a pesquisa será divulgada nos sites da Sict, da SPGG e do Instituto Caldeira. O relatório completo contempla informações sobre o perfil dos sócios-fundadores; características gerais das startups; gestão; equipe de trabalho; recursos financeiros; acesso a mercados; inovação; pesquisa & desenvolvimento; e percepções sobre o ecossistema. Abaixo, você confere uma prévia do estudo, com os principais pontos apresentados durante o evento de lançamento. 

 

O retrato das startups gaúchas 

As startups atuam nos mais diversos mercados  
68% atuam em um dos 10 segmentos de mercado mais citados (Health Tech, Ag Tech, Gestão de Negócios, Ed Tech, Retail Tech, Serviços, Bio Tech, Real Estate/Construtech, Green Tech, Food Tech) 

As startups são jovens 
78% foram fundadas nos últimos 5 anos 

50% estão na fase de pré-operação (ideação, validação e operação inicial) + 50% estão em operação (operação, tração, scale up) 

As startups podem começar a faturar cedo 
46% realizaram o primeiro faturamento antes de completar 6 meses, mas 23% ainda não tiveram o primeiro faturamento 

As startups crescem rápido  
64% das startups apresentam crescimento de faturamento superior a 20% ao ano 

As startups estão gerando empregos  
44% das startups têm equipe com 6 ou mais funcionários 

O conhecimento de mestres, doutores e pós-graduados é relevante  
35,5% dos fundadores das startups são mestres ou doutores; 30,4% possuem MBA ou especialização; 20,4% têm superior completo e 13,8% têm superior incompleto ou médio 
54% das startups contam com mestres ou doutores na equipe 

As startups inovam, com maior grau de novidade para o Brasil (49%) 
Para o RS, o grau de novidade é 32%; para o mundo, 29% 

As startups atuam em tecnologias estratégicas  
85% atuam no desenvolvimento de tecnologias estratégicas para o RS 
Setores mais citados: software e hardware; computação em nuvem; inteligência artificial; dispositivos web e comunicação; internet das coisas (IoT); manufatura padrão avançada; biotecnologia. 

 

Como nascem e evoluem as startups gaúchas 

As startups começam com recursos próprios  
89% investiram com recursos próprios; 55% utilizaram apenas essa fonte de recursos para iniciar 

50% começaram com até R$ 50 mil 

As startups participam de incubadoras (mas não tanto quanto poderiam) 
34% estão situadas em incubadoras (total ou parcialmente), mas apenas 14% se graduaram em incubadoras 

28% das startups têm ou já tiveram relação com aceleradoras 

As startups passam pouco por rodadas de investimento 
21% receberam recursos por meio de rodadas de investimentos; dessas, aproximadamente metade (10%) recebeu recursos através de investidor-anjo 

As startups precisam ser conectadas às políticas públicas de apoio 
71% não conhecem ou não buscaram acessar políticas pública de apoio a startups (dessas, 34% conhecem, mas não buscaram acessar e 37% não conhecem) 
15% conhecem e já acessaram políticas públicas de apoio a startups e 14% tentaram acessar e não obtiveram sucesso. 

As startups possuem dificuldades para acessar linhas de crédito de instituições financeiras 
74% nunca procuraram acessar linhas de crédito de instituições financeiras públicas ou privadas, 9% tentaram acessar e não obtiveram sucesso e 17% já acessaram 

 

Desafios e oportunidades das startups gaúchas 

As startups querem vender e crescer mais, mas enfrentam desafios gerenciais 
Quais os seus maiores desafios gerenciais? 
49% - Gestão de marketing e vendas 
31% - Gestão organizacional para o crescimento 
31% - Preparação para rodadas de investimentos 
30% - Planejamento e estratégia 

As startups enfrentam dificuldades de contratação 
55% indicaram alguma dificuldade de contratação de profissionais no RS 
Principais áreas citadas: programadores; desenvolvedores de APPs; desenvolvedores de plataformas digitais; vendas, marketing, comunicação e mídias sociais; cientista de dados. 

As startups interagem com o ecossistema gaúcho para inovar  
83% buscaram conhecimento com algum ator do ecossistema gaúcho de inovação, mas apenas 9% recorreram ao poder público municipal para inovar.  
Atores locais mais frequentemente buscados: universidades e instituições de ensino superior; parques tecnológicos; outras startups; organizações do sistema “S”; hubs de inovação. 

As startups alcançam o Brasil, mas podem alcançar o mundo 
75% vendem para além do RS 
25% só RS; 48% RS + BR; 13% RS + BR + exterior; 12% apenas BR; 2% outros 

25% já fizeram uma transação internacional. O cenário é melhor que o da média nacional, mas com espaço para avanços 

 

Percepção sobre o ecossistema de inovação do RS 

O RS está entre os melhores ecossistemas de inovação do Brasil 
53% avaliam o nível de desenvolvimento do ecossistema gaúcho de inovação como ALTO ou MÉDIO-ALTO 
77% avaliam que o nível de desenvolvimento do ecossistema de inovação é MÉDIO-ALTO ou MÉDIO 

O RS tem muito a avançar em relação aos líderes globais 
41% avaliam o nível de desenvolvimento do ecossistema gaúcho de inovação com MÉDIO frente ao mundo 

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