Publicada pesquisa completa sobre as startups no ecossistema gaúcho de inovação
Dados compilados no RS Tech visam orientar a elaboração de políticas públicas e ações privadas de forma mais assertiva
Publicação:
Com o intuito de conhecer em profundidade a realidade das startups gaúchas, o governo do Estado e o Instituto Caldeira divulgam o resultado completo do estudo “RS Tech 2023: As startups do ecossistema de inovação do Rio Grande do Sul”. A pesquisa envolve as secretarias de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict) e de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG) e pode ser acessada na íntegra pelo site do departamento de Economia e Estatística da SPGG.
A titular da Sict, Simone Stülp, celebrou a divulgação dos dados: “Esse estudo nos dá um panorama muito importante sobre a realidade das startups gaúchas. Estamos muito felizes de ter feito esse esforço conjunto para conhecer melhor o cenário em que estamos inseridos. Divulgar esses dados na véspera do South Summit Brazil certamente vai ajudar o ecossistema e movimentar ainda mais os negócios da área”, comenta.
A iniciativa, que conta com a parceria estratégica do SebraeX, da Associação Gaúcha de Startups (AGS), da Rede Gaúcha de Ambientes de Inovação (Reginp) e do South Summit Brazil, além de apoio do Grupo RBS, pesquisou o perfil das startups gaúchas e de seus fundadores, a importância dessas empresas para a economia do RS e os principais desafios relativos à competitividade. Foram consideradas as startups que estivessem de acordo com o que foi definido pelo Marco Legal das Startups; isto é, empresas com até 10 anos de história, que tivessem faturamento de até R$16 milhões e ao menos a metade da equipe trabalhando no Rio Grande do Sul. No total, mais de 300 respostas foram recebidas.
O estudo foi realizado de forma exclusivamente online e autodeclaratória e foi composto de 120 questões. As respostas foram coletadas por 100 dias, de dezembro de 2022 a março de 2023.
Conforme a secretária da SPGG, Danielle Calazans, “políticas públicas, quando baseadas em evidências, possuem um potencial muito maior de sucesso, e essa pesquisa, rica em informações inéditas sobre as startups gaúchas, está alinhada com o esforço que o planejamento tem feito para orientar a tomada de decisões e direcionar o alinhamento estratégico do governo a partir de dados confiáveis”, destaca.
“Uma cultura orientada por dados traz mais clareza para as estratégias e políticas públicas necessárias para o desenvolvimento do nosso ecossistema, além de oferecer informações importantes para continuarmos gerando valor aos nossos empreendedores”, complementa Pedro Valério, CEO do Instituto Caldeira.
Dentre as motivações destacadas para o estudo, constam a ampliação e o aprofundamento da oferta de estatísticas; o oferecimento de subsídios para a elaboração e aperfeiçoamento de ações de apoio; e o acompanhamento da evolução do setor gaúcho de startups. O objetivo, assim, é trazer informações inéditas que permitam conhecer em profundidade as startups gaúchas, suas interações com o ecossistema de inovação e as limitações que afetam o seu desempenho.
De acordo com Rodrigo Morem da Costa, pesquisador do departamento de Economia e Estatística da SPGG e coordenador da pesquisa, houve um compromisso em relação aos dados científicos para o estudo. “Garantimos a possibilidade inédita de retratar, de maneira científica, como são as startups gaúchas, a sua importância para a economia do RS e quais são as dificuldades que elas enfrentam no nosso ecossistema de inovação”, pontua.
Confira alguns dos principais resultados do estudo
O retrato das startups gaúchas:
As startups atuam nos mais diversos mercados:
68% atuam em um dos 10 segmentos de mercado mais citados (Health Tech, Ag Tech, Gestão de Negócios, Ed Tech, Retail Tech, Serviços, Bio Tech, Real Estate/Construtech, Green Tech, Food Tech).
As startups são jovens:
78% foram fundadas nos últimos 5 anos; 50% estão na fase de pré-operação (ideação, validação e operação inicial) + 50% estão em operação (operação, tração, scale up).
As startups podem começar a faturar cedo:
60% realizaram o primeiro faturamento antes de completar 6 meses, mas 23% ainda não tiveram o primeiro faturamento.
As startups crescem rápido:
64% das startups apresentam crescimento de faturamento superior a 20% ao ano.
As startups estão gerando empregos:
43% das startups têm equipe com 6 ou mais funcionários.
O conhecimento de mestres, doutores e pós-graduados é relevante:
35,6% dos fundadores de startups são mestres ou doutores; 30,1% possuem MBA ou especialização; 20,8% têm superior completo e 13,5% têm superior incompleto ou médio
54% das startups contam com mestres ou doutores na equipe.
Entre as startups consolidadas que informaram já terem lançado inovações no mercado (com múltiplas respostas por alternativa), 29% declararam que inovaram com grau de novidade novo para o mundo; 49%, novo para o Brasil; e 32%, novo apenas para o Rio Grande do Sul.
As startups atuam em tecnologias estratégicas:
87% atuam no desenvolvimento de tecnologias estratégicas para o RS; setores mais citados: software e hardware; computação em nuvem; inteligência artificial; dispositivos web e comunicação; manufatura padrão avançada; biotecnologia e internet das coisas (IoT).
Como nascem e evoluem as startups gaúchas:
As startups começam com recursos próprios:
89% investiram com recursos próprios; 55,5% utilizaram apenas essa fonte de recursos para iniciar; 50% começaram com até R$ 50 mil.
As startups participam de incubadoras (mas não tanto quanto poderiam):
34% estão situadas em incubadoras (total ou parcialmente), mas apenas 14% graduaram-se em incubadoras; 28,5% das startups têm ou já tiveram relação com aceleradoras.
As startups passam pouco por rodadas de investimento:
21% receberam recursos por meio de rodadas de investimentos; dessas, aproximadamente a metade (equivalente a 10% do total) recebeu recursos através de investidor-anjo.
As startups precisam ser conectadas às políticas públicas de apoio:
71,6% não conhecem ou não buscaram acessar políticas públicas de apoio a startups (dessas, 34% conhecem, mas não buscaram acessar, e 37,7% não conhecem); 14,5% conhecem e já acessaram políticas públicas de apoio a startups, e 14% tentaram acessar e não obtiveram sucesso.
As startups possuem dificuldades para acessar linhas de crédito de instituições financeiras:
74% nunca procuraram acessar linhas de crédito de instituições financeiras públicas ou privadas, 8,7% tentaram acessar e não obtiveram sucesso, e 16,5% já acessaram.
Desafios e oportunidades das startups gaúchas:
Quais os seus maiores desafios gerenciais?
49% - Gestão de marketing e vendas.
31% - Gestão organizacional para o crescimento.
31% - Preparação para rodadas de investimentos.
30% - Planejamento e estratégia.
As startups enfrentam dificuldades de contratação:
55% indicaram alguma dificuldade de contratação de profissionais no RS
Principais áreas citadas: programadores; desenvolvedores de APPs; desenvolvedores de plataformas digitais; vendas, marketing, comunicação e mídias sociais; cientista de dados.
As startups interagem com o ecossistema gaúcho para desenvolver inovações:
83% buscaram conhecimento com algum ator do ecossistema gaúcho de inovação.
Atores locais mais frequentemente buscados: universidades e instituições de ensino superior; parques tecnológicos; outras startups; organizações do sistema “S”; hubs de inovação.
As startups alcançam o Brasil, mas podem alcançar o mundo:
75,5% vendem para além do RS; 25,5% só RS; 47,6% RS + BR; 13,2% RS + BR + exterior; 12,3% apenas BR; 1,4% outros; 15% já fizeram uma transação internacional. O cenário é melhor que o da média nacional, mas com espaço para avanços.
Percepção sobre o ecossistema de inovação do RS:
O RS está entre os melhores ecossistemas de inovação do Brasil; 53,6% avaliam o nível de desenvolvimento do ecossistema gaúcho de inovação como alto ou médio-alto; 77% avaliam que o nível de desenvolvimento do ecossistema de inovação é médio-alto ou médio.
O RS tem muito a avançar em relação aos líderes globais:
41% avaliam o nível de desenvolvimento do ecossistema gaúcho de inovação como médio em relação ao mundo.